Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ernesto Catena Animal Chardonnay 2010

Tenho provado alguns vinhos desse produtor após recomendação de conhecidos. São vinhos corretos, agradáveis,  com preços geralmente justos, mas não chegam a brilhar. Ainda não vi grandes vinhos. Espero que os vinhos que ainda não provei me convençam de que Ernesto Catena, filho do afamado Nicolás, seja o "poeta dos vinhos", como ele mesmo se declara.

Esse Chardonnay é bem razoável, tem bastante frescor e não é carregado na madeira, como comumente vemos por aí, o que é uma grande virtude. Tem cor amarelo-ouro clara e brilhante. Nariz aberto com frutas cítricas, destacando-se maracujá e pêssego, mas sem muita complexidade. Corpo médio, boa acidez. Fresco. Final de média permanência.

Agradou, mas não encantou.
Classificação LV: bom.

FICHA

Produtor: Tikal (Ernesto Catena)
País: Argentina
Região: Mendoza
Safra: 2010
Tipo: Branco Seco
Uva: Chardonnay
Vinhedos: Agrelo, Tupungato.
Vinificação: Maceração pelicular por 6 horas, com temperatura controlada(15 a 17 graus).
Maturação: 70% do vinho envelhece em tanques de aço e 30% em barricas de carvalho francês.
Temperatura de Serviço: 11 a 13ºC
Teor Alcoólico: 14%
Sugestão de Guarda: de 5 até 10 anos

domingo, 29 de janeiro de 2012

Bodegas Lopez Chateau Vieux 1998

A Bodegas Lopez é uma tradicional vinícola hermana e está entre as que mais vendem para o mercado interno argentino, mas é relativamente pouco conhecida fora. Já foi objeto de post aqui no blog, assim como esse vinho, em safra diferente.

Essa linha é produzida com um interessante blend de cabernet sauvignon, merlot e pinot noir. Interessante notar a diferença marcante entre as duas safras, todas de alto nível. Na safra de 1996, o blend mostrou características fortes da pinot, apesar da pequena proporção na composição (10%), enquanto esta safra de 1998 já mostrou características próprias, não tendendo a nenhuma casta especificamente, o que foi bem interessante.

Cor rubi média, com reflexos atijolados, porém menos proeminentes do que no 96. Nariz bastante complexo, delicioso, com frutado leve, tostado, caramelo, chocolate e madeira fina. Na boca corpo médio, taninos redondíssimos, álcool imperceptível, boa acidez. Muito macio. Final de média permanência.

Ainda tenho a safra de 1999 aqui na adega e estou ansioso para abrir. Se um dia voltar a Mendoza certamente comprarei uma quantidade maior.

Classificação LV: excelente.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Tormentas Premium 2007



Quando provei o excelente Fulvia Pinot Noir fiquei de queixo caído. Imaginei, então, que a obra de Marco Danielle tinha atingido seu máximo e não me surpreenderia mais. Me enganei.

Experimentei ontem esse Tormentas Premium e não parei de pensar nele ainda. O vinho é tão intrigante que você tem a impressão de não conseguir entendê-lo por completo, gole após gole. Só que a garrafa acaba e a impressão permanece.

Na safra de 2007 foi feito exclusivamente com merlot, em uma edição limitada a 720 garrafas, sem adição de SO2. Necessita de uma boa aeração para dissipar gases provenientes da vinificação sem SO2.

Rótulo lindo e bem produzido, como aliás todos os vinhos desse "autor". Bonita cor rubi com reflexos violáceos, denso, brilhante. Alguns depósitos na taça. Aromas refinados, com predomínio de fruta madura, notas de couro e terra. Na boca, corpo médio, acidez instigante, taninos finos, com alguma adstrigência, que não incomodou. Álcool na medida. Final persistente, sempre convidando ao próximo gole.

Com certeza não é um vinho fácil, mas é grande vinho. Acho que tem bom potencial para evoluir ainda na garrafa por alguns anos, mas pode ser desfrutado já.

Mais uma vez um vinho do Atelier Tormentas me deixou atormentado (no bom sentido).

O único senão é o preço (160 reais). Mas se tivesse preço acessível e fosse bom ao mesmo tempo não seria vinho nacional, né?

Classificação LV: excelente.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pinot x Pinot


A Pinot Noir é, definitivamente, minha variedade preferida, não escondo. A sutileza e a complexidade desta casta são cativantes. Por isso sou exigente quando experimento uma PN.
Um dos critérios que uso para avaliar é se o vinho respeita as características da casta. Ou seja, quando você toma Pinot, tem que parecer Pinot. A idéia que faço da PN é, inevitavelmente, o padrão francês. Delicadeza, elegância, complexidade.
No Novo Mundo existe uma tendência de produzir uma PN que eu chamo de "globalizada", caracteristicamente moldada dentro de padrões standartizados - concentração, madeira, exuberância. Particularmente, acho que a Pinot sofre demais com isso.
Daí a idéia deste confronto. Comparar PNs do Novo mundo, obviamente produzidas dentro de uma mesma proposta (linhas intermediárias, preço acessível).

Calyptra Pinot Noir Premium 2004
Cor rubi escura, densa. Lágrimas notavelmente lentas. Nariz explosivo, com frutas vermelhas, caramelo, tostado e inesperadas notas mentoladas. Oloroso. Na boca, corpo médio, taninos finos e álcool sobrando. Final médio.
A Pinot chilena deixou a desejar.
Classificação LV: regular.


Newen Reserva Pinot Noir 2010
Cor de Pinot, clarinha, translúcida. Nariz com bom ataque, mas delicado, com frutas vermelhas (morango) notavelmente vivas, e alguma especiaria. Na boca, corpo leve, taninos finos e boa acidez. Final médio. A`Pinot patagônica mostrou tipicidade e agradou.
Classificação LV: bom.


O Newen foi claramente superior por um motivo bem simples: é Pinot que parece Pinot. Não é um vinho que impressiona, mas tem seus encantos de Pinot Noir, enquanto o Calyptra não se definiu.
Na batalha Pinot x Pinot, venceu a Pinot.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Embocadero 2009


Recentemente temos observado uma verdadeira invasão das prateleiras dos supermercados e das páginas da web com vinhos espanhóis.
Primeiramente porque, de um modo geral, apresentam bom custo-benefício com relação a outros vinhos europeus. Depois porque os espanhóis têm recebido altas pontuações da crítica especializada, principalmente da canetinha nervosa RP, o que, com certeza, estimula a venda, não raro causando decepções.
Este caldo é um bom exemplo. Bonita garrafa estilosa. Cor escura, densa, arrouxeada. Nariz interessante, embora não muito intenso. Tostado, frutas escuras, caramelo. Na boca mostrou equilíbrio, taninos finos, acidez correta. Final de média permanência, com discreto amargor.
Foi pessimamente harmonizado com uma lasanha ao sugo, o que mais uma vez comprovou minha tese de que espanhóis e massas geralmente não se dão bem.
É um bom vinho,  correto, com bom preço (41 dilmas), mas não impressiona. Chega a ser decepcionante se a expectativa for encontrar os 92 pontos dados a ele.
Classificação LV: bom.



FICHA

Produtor: San Pedro Regalado
Tipo: Tinto
Região: Ribera Del Duero
País: Espanha
Safra : 2009
Uvas: Tempranillo (100%).
Graduação Alcoólica: 14%
Temperatura de Serviço: 15oC
Envelhecimento: 14 meses em barricas de carvalho francês.
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