Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


quinta-feira, 21 de julho de 2011

La Velona Brunello de Montalcino 2004

Este foi apresentado pelo amigo 0-Berto, comprado na fonte, em viagem recente à Toscana.
Realmente muito bom.
O que dificulta são os preços quase proibitivos que esses vinhos alcançam aqui no Brasil.
Cor rubi clara, com toques alaranjados, translúcida.
Aromas de média intensidade, com boa evolução na taça, predominando tostado, caramelo e madeira, com fruta em segundo plano.
Bom equilíbrio após aeração, com taninos domados e boa acidez.
O álcool sobressai um pouco, mas melhora sensivelmente na taça.
Final longo, deixando impressão final de madeira adocicada.
Altamente recomendado.
Classificação: muito bom.

Catena Alta Malbec 2007

A Catena Zapata dispensa apresentações, assim como essa linha premium.
Um Malbec algo diferente dos usuais e que se distingue pela complexidade e elegância, sem a pancadaria comumente observada nos vinhos hermanos.
Cor rubi violácea escurona, pouco transparente. Denso. Sedimento perceptível na garrafa e na taça.
Aromas multicamadas, uma explosão de complexidade, onde se alternam amora, cassis, anis, alcaçuz, com marcante toque floral (violeta). A madeira é presente e ordena a explosão de aromas.
Na boca o equilibrio é marcante, taninos aveludados, acidez um pouco baixa e álcool não perceptível, totalmente integrado e absorvido pelo corpo magestoso.
Final longo e triunfante.
Sem mais comentários. Experimente e sinta.
Classificação: excepcional.

FICHA

Produtor: Catena Zapata
País: Argentina
Região: Mendoza
Safra: 2007
Tipo: Tinto
Uva: Malbec (100%)
Vinhedos: Lotes de altitude selecionados na região de Mendoza.
Vinificação: Fermentação alcoólica por 14 dias com temperatura controlada e 28 dias de maceração com as cascas.
Maturação: Maturação de 18 meses em carvalho francês, 70% novas.
Temperatura de Serviço: 18 a 20ºC
Teor Alcoólico: 14,0%
Sugestão de Guarda: Mais de 10 anos
Combinações: Carnes grelhadas
Avaliações:
Wine Spectator: 93 pontos (safra 07)
Robert Parker: 93 pontos (safra 06)
Wine Spectator: 92 pontos (safra 06)
Wine Spectator: 93 pontos (safra 04 e 05) "Top 100" dos Melhores do Mundo.

Itália x Argentina - a revanche



Noite dessas houve outro embate, uma revanche.
De um lado Itália, personificada na figura carismática do 0-Berto, mas que, em função da campanha vitoriosa recente, encheu-se com certa empáfia.
De outro lado, Argentina, representada pela humilde criatura que vos fala, com moral baixo pelas derrotas consecutivas. Na mente o firme propósito de não amargar nova derrota.
Assim, a Itália apresenta suas armas: um belo La Velona Brunello de Montalcino 2004. Classudão, classicão. Excelente.
A Argentina também comparece: Catena Alta Malbec 2007, um ícone. Vinho pra mais de metro.
Após o duro embate, a constatação: vitória argentina.
Mas o jogo foi espetacular, com vários gols e lances memoráveis, dignos do Canal 100.
Finalmente emplaquei uma, mas tive que apelar.
O pior (ou melhor) é que o 0-Berto tem material para vários outros grandes jogos, de modo que o campeonato está totalmente indefinido.

domingo, 17 de julho de 2011

Glen Carlou Grand Classique 2006



Este é o post final do primeiro intercâmbio entre os blogs Leigo Vinho e WineLeaks. E já que todos capricharam por demais em seus textos (com destaque para o 0-Berto e suas aventuras na Toscana) eu resolvi esperar, pensar, escolher e elocubrar algo que não só fosse interessante, mas que também agregasse à esse blog co-irmão, alguma novidade. E no estilo Leigo Vinho.
Muito bem, fui atrás de um vinho de origem inédita aqui, que tivesse um bom CB (custo-benefício) e, obviamente, que fosse de qualidade. E confesso que já estava quase desistindo desse enovirtuosismo quando recebi um e-mail do Alan, da Grand Cru vizinha ao meu trabalho, informando do saldão do mês. E, pra minha grata surpresa, toda a linha 2006 da sulafricana Glen Carlou, estava com 40% de desconto. Bingo!
Sou fã confesso desses caras. Já provei vários vinhos deles e nunca me decepcionei. Escolhi então esse Grand Classique 2006, inédito também para mim, e que, no saldão, estava saindo de 75 para 45 Dilmas. Um corte imponente de 5 uvas e com 2 anos de barrica já prometia emoções fortes. E com 5 anos de idade, ele pode estar velho pra Grand Cru, mas pra mim, parecia ser bala na agulha!
Cor belíssima, fechada, com reflexos violáceos e tons muito sutis de vermelho nas bordas. Lágrimas finas e delicadas. No nariz, primeiro ataque foi das frutas escuras, com boa chamada, seguido de um chocolate bem perceptível. Eu dificilmente consigo perceber as notas de chocolate. Com muito esforço, num fundo de taça, as vezes vem uma lembrança. Nesse cara, elas estavam lá, bem marcadas. A madeira, claro, dava esse tom, mas sem atropelar a fruta. Conjunto bem integrado no nariz. Na boca, uma delícia. Taninos amigos, fruta madura e um final mentolado. Uma complexidade e elegância que me surpreenderam. O vinho estava redondo. No ponto. É sempre uma glória quando conseguimos abrir uma garrafa nessas condições.
Classificação: Bom pacas!



FICHA

Produtor: Glen Carlou
Tipo: Tinto - Assemblage
Região: Paarl Valley
País: Africa do Sul
Uvas: 41% Cab. Sauvignon, 40% Merlot, 8% Cab. Franc, 6% Malbec, 5% Petit Verdot
Graduação Alcoólica: 14%
Temperatura de Serviço: 16ºC
Envelhecimento: 24 meses em barricas de carvalho francês de 1º e 2º uso.
Safra: 2006
Estimativa de Guarda: 10 anos
Avaliações: Wine Spectator - 90



B     K     7     2

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Esporão Alandra Tinto


Algo que chama a atenção logo de início é que este vinho não apresenta indicação de safra.
Isso deve-se a sua classificação dentro da legislação portuguesa.: ele é um vinho da categoria indiferenciada, que pode ser feito com uvas de qualquer proveniência, não podendo ostentar indicação da safra.
É um vinho simples, mas tem seu valor.
Cor rubi clara, translúcida.
Nariz tímido, frutado. Não se percebe madeira. Pouca complexidade.
Corpo leve, taninos finos, álcool pouco percebido e boa acidez, o que acaba pedindo acompanhamento.
Fácil de beber.
Final pouco pronunciado, curto.
O ponto forte fica por conta do frescor e da vocação gastronômica.
Carece de complexidade, mas não é essa a proposta.
Classificação: bom.

FICHA

Produtor: Herdade do Esporão
Tipo: Tinto - Assemblage
Região: Alentejo
País: Portugal
Uvas: Moreto, Castelão e Trincadeira.
Graduação Alcoólica: 13%
Temperatura de Serviço: 14oC
Envelhecimento: 4 meses em cubas de inox.
Diretrizes Enogastronômicas: Massas, pizzas, queijos.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Chris Ringland Shiraz 2008

Esse artigo é parte do programa de intercâmbio entre os blogs Leigo Vinho e  Wineleaks (como parte da compensação pelo recente roubo do passe do 0-Berto) . Vou tentar não fazer muito feio.
Começo de junho, meu aniversário. Para não arriscar passar apuros, tive que abrir o baú da felicidade: uma caixa de madeira adquirida na vinícola Wyndham Estate , onde outrora eram guardadas 6 garrafas do top de linha deles, o Black Cluster, e que eu usei pra levar meia dúzia de bons posts em segurança, de volta da Austrália para a China.
Escolhi o Chris Ringland Shiraz 2008 . Esse danado já me veio cheio de boas referências: foi-me indicado pelo Mr Kononenko quando eu estava na Austrália - onde bebi uma garrafa pela primeira vez - e em seguida confirmei a boa escolha num link enviado pelo BK.
Não, não adquiri nenhuma das safras premiadas. Comprei o 2008 pelo ridículo preço de 16 doletas ostralhanas, ao comprar meia dúzia de garrafas duma bottle shop.
Na taça, escuro, muito escuro. Lágrimas lentas, licorosas. No nariz, falsa modéstia: dá pra sentir uma mistura de aromas sem que o álcool se sobressaia. E logo daí se vê qualidade. O Chris Ringland Shiraz tem nada menos que 16,5% de álcool! E se o rótulo dá aquele medo de começar, na boca o medo acaba. O vinho é encorpado, muito denso, cheio de sabores e notas. Frutas vermelhas escuras, ervas, uma madeira de leve, sem cadeiradas nas costas e, no final, aquele pouso longo e suave que merece aplausos.
É um vinho que recomendo sem restrições, e dado o valor, não posso dizer que é menos que excelente. Obviamente, estou falando de custo benefício. E o desse aqui é simplesmente inacreditável.

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